Sendo esta Unidade Escolar
inserida em um bairro predominantemente carente, que enfrenta no seu cotidiano
as drogas e seus efeitos, cabe a nós termos como uma de nossas prioridades
fazer de nosso grupo discente cidadãos autônomos, capazes não só de criar suas
próprias histórias, mas, sim fazer parte das transformações necessárias para
uma vida melhor... Para um futuro melhor!
Para que a missão desta
Unidade Escolar seja realidade na vida de nossos alunos, cabe a nós, equipe da
EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Professor “Pérsio Scatena
Garcia”, zelar pela integridade de todo grupo discente.
A partir desta premissa
reunimos toda comunidade escolar e passamos a conscientizar os pais sobre o
quão é importante a responsabilidade dos mesmos perante a vida escolar de seus
filhos. Passamos a falar da afetividade, carinho, respeito, e a partir daí
comentou-se sobre as Leis, os direitos, os deveres e a responsabilidade da
família, de acordo com a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), artigo 53;
a CF (Constituição Federal de 1988), artigo 205 e a LDB (Lei de Diretrizes e
Bases), Lei 9394/96, artigo 2º. Leis estas que determinam, em seus artigos, a
responsabilidade do Estado e dos pais perante a educação de seus filhos.
Logo após, foi esclarecido aos pais e toda comunidade
escolar o significado das avaliações externas e o quão é importante na vida de
seus filhos, e para as Unidades Escolares.
Os resultados do IDEB e
IDESP indicam a necessidade de intervenção pedagógica efetiva, pois de acordo
com o resultado podemos observar que o desempenho médio de nossos alunos na
Prova Brasil em língua portuguesa foi de 205,94 (nível três), enquanto que em matemática
233,53 (nível cinco). Também se pode constatar, após feedback da análise dos
resultados SARESP e ANA, que nossos alunos tem um melhor desempenho em
matemática em relação à língua portuguesa.
Após esta conscientização
passamos a concretizar o PI (Plano de Intervenção), almejando o sucesso do
grupo discente perante as avaliações externas.
Para idealizarmos o Plano
de Intervenção muitas reuniões e feedback foram feitos, de modo que o mesmo foi
sendo elaborado paulatinamente.
A direção deixa claro aos
pais que a preocupação é manter o índice já alcançado pela Unidade Escolar –
6,2 (seis e dois décimos). Foi esclarecida, também a importância desta nota
para o município e acima de tudo, para os próprios alunos, pois isso indica que
estamos diante de uma educação de qualidade, portanto temos não só que manter,
mas sim subir este índice.
Todos ficaram cientes que o resultado do IDEB -
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - em nossa Unidade Escolar, de
certa forma, foi satisfatório, porém não atingimos a média estabelecida pelo
MEC - Ministério da Educação e Cultura.
Para
tanto, analisamos e nos apropriamos dos indicadores do processo de construção
das competências, habilidades e conhecimentos que não foram dominados no
segmento avaliado, ficando clara a necessidade de uma intervenção direta dos
educadores para suprir as defasagens encontradas.
Então foi esclarecida a
necessidade do PI (Plano de Intervenção), para melhorar a atuação em sala de
aula, durante o período de aula e a implantação do período integral, procurando
atingir um melhor desempenho do grupo discente.
É de suma importância, como relata um dos pais do
conselho: “Temos que dar ciência aos demais pais o quão importante é esta avaliação
para a Unidade Escolar, e também conscientizá-los da responsabilidade familiar
quanto à participação da vida escolar de seus filhos, pois o aprendizado é um
tesouro que ninguém jamais tira da vida da gente”.
Procuramos algumas saídas para enfrentar a situação,
passamos a redefinir a problemática em torno da organização de trabalho, sendo consideradas
todas as questões estabelecidas na busca de resposta para uma intervenção
renovadora. Assim, ficou estabelecido
um pacto da família, firmando um compromisso pela aprendizagem de seus filhos.
Foi, então, realizado um trabalho envolvendo um
debate democrático, sendo tomadas as decisões de forma consciente e crítica, onde
destacamos as necessidades do grupo, compreendendo o interesse institucional e social,
e dando um novo sentido ao trabalho coletivo como um momento valioso de prática
social e educativa.
Indicadores foram alavancados e
avaliados, verificando as condições e necessidades para realizar um trabalho de
qualidade no sentido-aprendizagem. A partir desta análise a escola foi mais bem
organizada e assim foi potencializado o seu funcionamento. É preciso considerar, ainda, que esse
diagnóstico vai aproximando atores/agentes da situação analisada. Esta
aproximação ocorreu através das dimensões assim denominadas: “aproximação
contextualizada” - as ideias e as práticas vão sendo exploradas;“aproximação
participativa” - onde ocorre uma troca de experiências, em que os educadores
colocam em pauta suas concepções, metodologias e atividades e, especialmente os
resultados obtidos; e também a “aproximação formativa,”quando se guia o coletivo
para as tomadas de decisões mais críticas. Este diagnóstico só será bem
sucedido se os atores agentes estiverem engajados e voltados para um trabalho
coletivo de compromisso.
Depois de muito estudo foi
desenvolvido o plano, “Preparando para o Futuro”, que estará preparando e
amparando o grupo discente para as avaliações.
Os objetivos e metas do
nosso PI foram traçados no coletivo, toda equipe escolar, pais, o Conselho de
Escola, deixaram de lado as aparências e elencaram os problemas relacionados à
escola, isso exige reflexão. Esse processo foi feito muitas vezes em discussões
entusiasmadas, mas nos levou ao crescimento e a perceber que a qualidade do
ensino só ocorre quando todos participam. Levou-nos também a perceber e a
refletir que com essas discussões nós nos aproximamos mais da comunidade
escolar, que participou com ênfase. Isso fez realmente uma escola com gestão
democrática, descentralizada e, principalmente, cidadã.
Alcançamos com essa atitude uma gestão
realmente democrática, compartilhada, e assim avançamos em nossos objetivos,
metas, procedimentos e estratégias relacionados não somente à qualidade do
ensino-aprendizagem, mas também à formação de cidadãos atuantes e responsáveis.
Cabe lembrar, que ficou
estipulado que os professores de apoio da Unidade Escolar também estão à
disposição dos professores quanto à recuperação dos alunos com deficiência
intelectual, que merecem uma atenção especial da equipe diretiva e de nossos
educadores.
Portanto, o objetivo
mediante as avaliações externas é essencialmente diagnóstico, pois com base
neste diagnóstico, é que as escolas poderão realizar as intervenções
necessárias para melhorar o ensino-aprendizagem e por consequência o índice. De
outro lado, esta identificação pretende também subsidiar um planejamento mais
eficaz, para elaboração de estratégias e programas de recuperação voltados ao
atendimento de demandas específicas detectadas pelo processo de avaliação.
O PI foi enviado e aprovado
pela Secretaria de Educação. Este tem como estratégia dois professores de
língua portuguesa e na disciplina de matemática a direção da Unidade Escolar se
prontificou a ministrar as aulas. Plano,
este quetem por objetivos: Elevar índices de aprendizagem do grupo discente,
especialmente em língua portuguesa e matemática; garantir a todos os alunos o
direito de aprender, tendo em vista o desenvolvimento dos conhecimentos, das
competências e habilidades propostas no currículo.
Em período diverso, já
estão sendo realizadas as aulas onde o grupo discente estuda os descritores
referentes a estas avaliações, ficando responsáveis dois professores para
língua portuguesa, com duas frentes recuperação de alunos defasados e outra que
irá aprofundar ainda mais os estudos já realizados. Na disciplina de matemática,
a gestora da unidade ministrará aulas aos quintos anos. Para que ocorra dentro
dos parâmetros, a equipe diretiva, corpo discente, funcionários, pais, enfim,
toda comunidade escolar estão envolvidos neste projeto.
Os alunos estão, a princípio, em período integral
na escola, duas vezes por semana. O grupo discente que mora na zona rural,
também está participando do projeto, ficando estabelecido que eles
permanecessem na cidade em casa de parentes. A escola está se responsabilizando pelos
mesmos, amparando-os quanto à alimentação com lanches e almoço. Os alunos estão
se adaptando período integral na escola. As rodas de conversa estão sendo muito
úteis, estando planejada, para o próximo dia onze de maio uma palestra com a
psicóloga, envolvendo o tema “Convívio Familiar”.
Os pais concordaram e
ouviramnossas reivindicações quanto a horário de saída dos alunos, assinando as
autorizações, sendo conscientizados sobre a importância de os mesmos cuidarem
para que seus filhos não faltem às aulas, pois a falta acarreta a defasagem no
ensino-aprendizagem. Tendo em vista que o papel da escola é promover a
aprendizagem e formação de seus alunos, cabe, portanto destacar este foco.
A curto e médio prazo,
esta ação envolve os seguintes planejamentos: Revisão e (re) elaboração do PPP
( Projeto Político Pedagógico); Revisão da prática pedagógica a partir dos
estudos dos planejamentos semanais; comprometimento com o planejamento coletivo
envolvendo toda a comunidade escolar, pois como afirma Paro (1998) “a
participação de toda a comunidade escolar requer medidas corajosas, para que
todos participem da vida escolar, especialmente as que não têm vez e voz”
(p.13). Nesse sentido, o PI da Unidade
Escolar buscou a participação de toda a comunidade escolar na reflexão e busca
de solução dos problemas.
As prioridades, referentes
às avaliações, sendo elas externas ou não, estão interligadas às demais
prioridades da escola, pois se trata de uma escola formadora de cidadãos
atuantes, com autonomia, e para que ocorra todo esse processo, com qualidade. Cabe
ao gestor desenvolver uma gestão democrática, cuidando do ambiente educativo,
da prática pedagógica, das avaliações internas e externas, do ensino e
aprendizagem da leitura e da escrita, da formação e condições de trabalho dos
profissionais da escola, do ambiente físico escolar, do acesso e permanência
dos alunos na escola.
Estão sendo
colocadas em prática, gradativamente, as ações elaboradas permissíveis a este
processo, com o intuito deacompanhar de forma mais eficaz o aprendizado de
nossos alunos, sempre analisando as situações de cada estudante, identificando suas
fragilidades que podem ter causado diretamente o resultado da avaliação externa
– Prova Brasil – tais como: metodologias adequadas, conteúdos importantes e
necessários que não foram considerados, competências e habilidades não
trabalhadas e práticas avaliativas pouco construtivas. Devendo também ressaltar,
que foram todos da U.E. (Unidade Escolar), conscientizados quanto à
responsabilidade pelos resultados das avaliações externas. O grupo discente é o
sujeito mais importante na ação de intervenção pedagógica, que foi norteada
pelos dados disponíveis acerca das aprendizagens construídas pelos estudantes.
Afinal, como toda instituição, “(...) as escolas
buscam resultados, o que implica uma atividade racional, estruturada e
coordenada. Ao mesmo tempo, sendo de caráter coletivo, essa atividade não
depende apenas das capacidades edas responsabilidades individuais, mas também
de objetivos comuns e compartilhados, de meios e ações coordenadas e
controladas dos agentes do processo” (LIBÂNEO, Oliveira e TOSCHI,p. 344).
Nas reuniões pedagógicas, HTPCs (Horário de
Trabalho Coletivo Pedagógico), com os pais e com o Conselho de Escola – estamos sempre
conscientizando os professores, os alunos, a família e funcionários, da
necessidade de usar caminhos adequados e prazerosos para a concretização do
processo ensino-aprendizagem, construindo um ambiente estimulador e agradável.
Está aí a relevância do trabalho em
equipe, do valor da avaliação como parâmetro diário e da necessidade de realizar
intervenções constantes e não como medida de valor inexorável.
Levamos em
consideração a importância de estarmos conscientes e a par da elaboração de um
plano de intervenção – ação. É preciso organizar as várias atividades que
fazemos no interior de nossas escolas. (LIBÂNEO -2001 p. 174-176), nos lembra
de que essas atividades podem ser agrupadas em quatro áreas de ação, abrangendo:
a organização da vida escolar, o processo de ensino aprendizagem, as atividades
de apoio técnico-administrativo, as atividades que vinculam a escola com a comunidade.
Nesse sentido o plano deveria contextualizar a escola como um todo, para que
possa refletir sobre os sentidos coletivos e os esquemas interpretativos dos
sujeitos que ali estão. Dando continuidade, devem-se programar as ações planejadas,
levando em relevância a avaliação, que terá que ser permanente, o
acompanhamento e o apoio para as ações desenvolvidas.
Daí a importância de concretizar um processo de
avaliação qualitativa e formativa, que passe por um reconhecimento dos modos de
ação e intervenção na Unidade Escolar, seja por meio de análise do quer pode
ser realizado, como por falas e representações daquilo que a equipe pedagógica
almeja. Tendo em vista que acreditamos no PI elaborado, plano este, capaz de formar,
em especial seus agentes atores no sentido de comprometê-los com uma ação político-pedagógica
que dialetize, como diria Paulo Freire (1997,p.88), “a denúncia da situação
desumanizante e o anúncio de sua superação, no fundo, o nosso sonho”.
Vale lembrar que esta unidade tem alunos que
necessitam de mais atenção, pois estamos diante de famílias administradas por
mães que saem no amanhecer e voltam no entardecer, pois trabalham no corte de
cana. Cabe a nós ampará-los. Daí a importância da afetividade, de trazê-los
para escola e conscientizá-los da necessidade dos estudos para um futuro
melhor. Trabalho este que tem sido feito através de rodas de conversa, palestra
com psicóloga, e também conscientização dos pais quanto à importância e
necessidade da atenção que têm que dar a seus filhos. Tarefa difícil, mas não impossível...
Tem nos rendido bons diálogos com os pais e resgatando, assim,o valor da
família!
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